Um homem vendendo pipoca doce no sinaleiro
coloca dois pacotinhos cor-de-rosa pendurados
no retrovisor de um carro preto.
A janela estava aberta. Entre os pacotes
há um bilhete.
O homem vendendo pipocas segue
repetindo-se em outros cinco carros
enquanto o homem dentro do carro,
sentado, de óculos escuros e ar condicionado,
lê o bilhete.
Sentado, o homem mexe no porta-moedas do carro.
Sentada, a mulher ao seu lado diz qualquer coisa.
Sorrindo, conversam.
O homem vendendo pipocas corre
até o início da fila de carros.
De retrovisor em retrovisor, recolhe seus pacotinhos, dizendo:
“obrigado”.
O homem dentro do carro
— como todos os outros —
acelerou.
Sem ouvir o homem,
sem pensar nas pipocas,
sem largar seus trocados.
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